A Esteatose hepática, conhecida como “gordura no fígado”, é uma doença intimamente relacionada à epidemia de obesidade e sobrepeso, ao Diabetes Mellitus e à Síndrome Metabólica. Ocorre em 25-30% da população geral, em 60% dos pacientes com diabetes e em 80% dos pacientes obesos.
Esteatose hepática é o depósito aumentado de gordura entre as células do fígado (hepatócitos), e é geralmente identificada em exames de Ultrassom. Esta gordura pode gerar inflamação em aproximadamente 15% dos casos, processo chamado de esteato-hepatite, podendo também alterar exames de sangue como TGO, TGP e GGT.
Riscos
A preocupação do Hepatologista é que a esteato-hepatite pode gerar cicatrização ou fibrose hepática. A fibrose hepática existe em quatro graus, de 1 a 4, e o último estágio dela é o que conhecemos por Cirrose.
Muitos pensam que a cirrose hepática é doença relacionada apenas ao consumo de álcool, mas hoje nos EUA a principal causa de transplante hepático já é a cirrose por esteatose de causa metabólica. Outra complicação é que pacientes com esteatose têm chance aumentada de desenvolverem câncer de fígado mesmo sem cirrose. A quantidade de gordura não é o determinante no desenvolvimento das complicações que expliquei acima, ou seja, esteatose leve ou acentuada apresentam riscos similares.
Além disso, pode haver esteato-hepatite com exames laboratoriais normais. Importante ressaltar que a fibrose hepática e até mesmo a cirrose em estágios iniciais não geram sintomas e não são identificadas em exames de imagem como Ultrassom, tomografia ou ressonância.
A fibrose deve ser investigada com o exame de Elastografia Hepática, para identificar complicações em estágios iniciais, quando ainda são reversíveis.
Tratamento e Prevenção
Gordura no fígado é uma doença, devendo ser diagnosticada, estadiada e tratada. O tratamento consiste em mudanças de estilo de vida, como dieta e exercício físico, com o fim maior de reduzir o peso do paciente, além do cuidado em relação ao uso de bebidas alcoólicas.
Em muitos casos há indicação de uso de medicações, por isso é tão importante a avaliação por um especialista em doenças do fígado. Com tratamento, podemos melhorar ou curar a esteatose hepática. O risco de doenças cardiovasculares, de diabetes e de outros tipos de neoplasias também é aumentado nesses pacientes e o cuidado costuma ser multidisciplinar, envolvendo hepatologista, cardiologista, endocrinologista e nutricionista.
Mais de 50% dos brasileiros tem sobrepeso e 1 em cada 4 pessoas tem obesidade no Brasil, motivo pelo qual falar sobre esse tema é extremamente relevante.
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